A Intolerância Religiosa está em um dos seus momentos de ápices da história. O que antes parecia uma fera que já havia sido muito feroz e destrutiva num passado sangrento, mostra que ressurgiu mais ameaçadora do que nunca. Espalhada pelo mundo, essa praga ultimamente vem fazendo mais barulho em dois países, os lugares que ela escolheu para fazer mais estragos: Brasil e Paris.
Em Paris, o satírico jornal Charlie Hebdo, que já havia tido sua sede destruída em 2011 após publicar uma imagem do profeta Maomé na capa da publicação, recebeu um tiroteio em seu escritório em Janeiro desse ano, onde 12 pessoas morreram e 11 saíram feridas, pelo mesmo motivo: falar da religião alheia.
O site da Charlie Hebdo na internet parecia ter sido atacado, e mostrava imagens de uma mesquita com a mensagem "Nenhum Deus além de Alá". Os terroristas gritam "Allah Akbar" (Deus é grande) e dizem que o "profeta foi vingado".
Nesse dia 13/11, explosões ocorreram próximo ao Stade de France, em Paris, durante um jogo entre as seleções da França e Alemanha. Além disso, três tiroteios simultâneos - entre eles um ataque à casa de show Bataclan - deixaram 112 mortos, segundo a prefeitura de Paris. Dezenas de pessoas ficaram feridas em outros pontos da cidade, segundo a polícia parisiense.
Paris sofre e o mundo acompanha, afinal, essa guerra deles envolve mais do que intolerância religiosa, mas sim um ódio derivado de desigualdade social e muito tiro, armas de fogo, bomba, terrorismo pesado.
No Brasil, as armas dos intolerantes são as pedras nas mãos, discursos de ódio alienantes vindos de líderes religiosos e o crescente vandalismo anônimo. "Temos um pequeno estado islâmico encravado no Rio de Janeiro", disse o presidente da Comissão de Combate às Discriminações e ao Preconceito da Alerj, e autor da lei de 2011 que cria a delegacia especializada esse crime de ódio, o deputado Átila Nunes (PSL). Segundo o G1, O Centro de Promoção da Liberdade Religiosa & Direitos Humanos (Ceplir), ligado à Secretaria de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos, recebeu em dois anos e meio quase mil denúncias de casos de intolerância religiosa. Os números constam de um relatório apresentado em audiência pública na Assembleia Legislativa do Rio de janeiro (Alerj) na terça-feira (18). Entre julho de 2012 e dezembro de 2014, foram registradas 948 queixas, 71% delas sobre intolerância contra religiões, mostra o relatório. Além do Cartão Postal brasileiro, outras grandes estados sempre saem na mídia contendo casos de Intolerância, como Salvador, Minas Gerais e São Paulo.
Kayllane Campos,menina de 11 anos foi ferida por uma pedra na cabeça ao deixar um culto de candomblé na Penha, zona norte do Rio de Janeiro. Segundo testemunhas, a menina foi atacada por evangélicos e foi vítima de intolerância religiosa. Com a pedrada, a jovem chegou a desmaiar e perder momentaneamente a memória
No último dia 26/10, ficou mais que provado que, assim como as jóias da moda da Giovana Antonelli, a intolerância religiosa enfim chegou no interior. Aqui em Botucatu, a Associação Espírita União da Umbanda, localizada no centro da cidade, foi vítima de uma provável vingança de uns jovens que haviam sido pegos em flagrante atirando pedras contra o terreiro e devidamente punidos com a efetivação de um B.O.
Dessa vez agiram pela madrugada, sem ninguém ver e aproveitando que o local não tinha câmeras, deixaram esse rastro de destruição:



No total, mais de 15 imagens foram prejudicadas, além de uma faca e duas adagas terem sido furtadas. Alguns colares, chamados como Fios de Conta, também foram destruídos. Um prejuízo de R$ 7 mil. Matheus Francisco Pereira, 36, Tamires Cristina Rocha Pereira, 25, dirigem juntos a Associação há 2 anos e essa foi a primeira vez em que viram seu templo, sempre muito bem cuidado com todo capricho e trabalho de uma esquipe de por volta de 60 pessoas, ser depredado nesse ato de covardia.
É notável que a desinformação é a maior causadora do preconceito, seja ele religioso ou de qualquer outro tipo. No caso da Umbanda, muitos mitos e lendas á torna uma incógnita destorcida nas bocas populares e tamanha polêmica desnecessária geram esses ataques precipitados de grupos que atingem o auge da ignorância humana ao falar sem saber. Pra ter um conceito formado do que é bom ou mal, precisa-se questionar a fundo com fontes confiáveis. Para esclarecer tantas questões que afundam a Umbanda no mar de julgamentos e duvidas e falar sobre a intolerância religiosa, um papo com quem sofreu na pele dessa praga, o Pai de Santo que dirige a Associação Espírita União da Umbanda, o Pai Matheus Francisco.
JorgeDrew&Você: Da onde você acredita ter vindo esse ataque ao seu Terreiro?
PaiMatheusFrancisco: Foi Intolerância e pode ter vindo de pessoas adeptas a outras religiões como não é impossível de ter partido de outro terreiro de Umbanda. É um fato oculto, mas existente: há intolerância religiosa dentro da própria religião. Fala-se muito dos conflitos entre religiões diferentes umas das outras, esquecendo que existem conflitos entre igrejas pentecostais, ou seja, são da mesma religião mas um não tolera a forma com que o outro pratica. Isso tem em todas as igrejas: um líder não gostar de forma com que o outro líder pratica os ensinamentos da mesma doutrina e aí vira uma disputa. A Intolerância Religiosa é como o preconceito em geral: deve ser combatido de dentro pra fora.
JorgeDrew&Você: Você vê muito disso em Botucatu?
PaiMatheusFrancisco: Isso ficou muito claro com a quantidade de terreiros de Umbanda que foram solidários conosco: 90% de fora e 10% de dentro da cidade. Em Botucatu, tiveram pessoas católicas, kardecistas, evangélicas e apenas dois terreiros de umbanda de que nos foram solidários. A Umbanda em Botucatu tem preconceito com ela mesma. Tem dirigentes de outras casas acham que é como um time de futebol, que cada um tem que torcer apenas pelo seu.
JorgeDrew&Você: A repercussão por parte das pessoas?
PaiMatheusFrancisco: Uma coisa que me deixou feliz foi um ocorrido no dia em que eu fui, junto a alguns membros da associação, instalar as novas grades de segurança: os vizinhos foram extremamente solidários.
Aproveitaram até para esclarecer as muitas curiosidades que as pessoas tem quanto a Umbanda como, por exemplo, se nós acreditamos em Jesus e tal. Teve pessoas que disseram ser evangélicos mas totalmente contra a intolerância, perguntaram se precisávamos de algo, enfim, sempre tem alguém contra, mas me deixa feliz ver que muitos já estão abrindo a mente quanto á esse assunto.
JorgeDrew&Você: É uma dúvida de muita gente mesmo, o que você responde quando perguntam?
PaiMatheusFrancisco: A Umbanda é considerada uma religião cristã. Seu sincretismo é Candomblé + Igreja Católica Apostólica Romana. Se você cultua os santos São Jorge, Nossa Senhora Aparecida, São Jerônimo e Santa Bárbara dentro de um terreiro, você está praticando o cristianismo. Inclusive, o Cristo cultuado na Igreja Católica é o mesmo cultuado na Umbanda. Pode ser do modo Redentor ou Sagrado Coração, não deixa de ser o mesmo Cristo. A unica diferença é que na Umbanda não é o Cristo crucificado, mas sim o o Cristo ressuscitado.
JorgeDrew&Você: Como deu-se o seu desenvolvimento mediúnico até você se tornar Pai de Santo?
PaiMatheusFrancisco: Eu frequentava a igreja católica desde muito pequeno, levado por meus pais, fui batizado, fiz primeira comunhão, fui crismado e frequentei muita missa. E sempre a espiritualidade esteve bastante evidente na minha vida, principalmente através de visões, cheguei a diversas vezes deixar todos apavorados dentro de casa. Minha mãe me levou em muitos benzedores, dizia que eram coisas da minha imaginação, achava que era uma fase. Até que eu conheci o espiritismo kardecista, o qual me trouxe uma boa interpretação de tudo o que acontecia comigo. Conheci afundo e pessoalmente várias igrejas como a Universal, Igreja Batista, Igreja Presbiteriana entre outras, vi o que me agrada e o que não concordo quanto a religiosidade e, a partir daí, comecei a ver e sentir as entidades e guias de luz com bem mais intensidade, então pedi ajuda a minha irmã de sangue, que me levou a finalmente conhecer a Umbanda. Meu desenvolvimento mediúnico deu-se no terreiro da Mãe Diva, que é a minha mãe de santo. Foi um tempo muito bom em todos os sentidos, exceto quando começaram a rodar muitas intrigas envolvendo o meu nome dentro da casa. Isso ocorre nos terreiros onde os médiuns tem mania de se comparar um ao outro, julgarem seu comportamento dentro e fora do terreiro, seu desenvolvimento, fazer acusações e demais coisas que só o dirigente tem o poder e conhecimento para fazer. Optei por sair de lá e, após conhecer os terreiros de Botucatu, tive a certeza absoluta que não podia entregar minha cabeça a ninguém. Pois ninguém tinha a mesma seriedade e responsabilidade com a umbanda como ela tinha. Não podendo voltar pra trás e nem me entregar a alguém, decidi que ia cuidar de mim mesmo. Mas tinha tanta gente me pedindo ajuda pros meus guias e médiuns vindo ficar ao meu lado, que, quando vi, em um ano eu já estava com 15 médiuns na casa que eu dirigia. Sendo que terreiros bem mais antigos da cidade não tinham nem metade. Foi uma época de muitas provações, como uma forte dificuldade financeira em que eu não conseguia nem mais pagar meu aluguel e me fez parar com o funcionamento da casa. Porém, as pessoas não me abandonaram e disseram que continuariam ao meu lado seja onde for que eu viesse a fazer gira. Assim, ficamos 6 meses fazendo gira na mata, com assistência e tudo. Com a ajuda de filhos da casa, encontramos o local onde funcionamos até hoje ali na Curuzu e eu mudei o nome de Centro Espírita União da Umbanda para Associação Espírita União da Umbanda.
JorgeDrew&Você: Nesses momentos de dificuldades financeiras, você nunca pensou em cobrar os atendimentos mediúnicos?
PaiMatheusFrancisco: Não porque eu sempre soube que que isso é extremamente errado. Umbanda é caridade e caridade não se cobra. Não se compra a força de uma entidade, não se compra realizações, não se compra o que você virá a ter após a morte, não se compra nada no mundo espiritual, isso é papo de Igreja Universal que vende terrenos no céu e outros absurdos. Na Umbanda, se o médium levar algo material em troca do atendimento, eles estará sendo desonesto e totalmente fora do conceito fundamental da nossa religião. O médium se doa para a entidade vir ajudar quem precisa de aconselhamentos. Não há dinheiro no mundo espiritual. Num trecho do livro Evangelho Segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, diz "Sem a caridade não há salvação". É bíblico que nós devemos ser caridosos uns com os outros, mas muita gente tem o conceito errôneo de que doar é dar o que você quer jogar fora. Cristo ensinou que doar é repartir o pão e se a sociedade de modo geral seguisse este ensinamento, não teria tanta miséria e pobreza. Nada feito na Umbanda pra ajudar pessoas pode ser cobrado. Se for cobrado, estará perdendo a essência mais poderosa do feitiço: a caridade.
JorgeDrew&Você: Sobre os trabalhos para fazer mal á alguém e para trazer a pessoa amada.
PaiMatheusFrancisco: Vou tentar explicar de maneira simples. Se uma pessoa próxima á você tem uma inveja possessiva da sua vida, só com esse sentimento ela já tem o poder de te fazer mal. E se a sua fé estiver baixa, se você estiver desanimado e seu padrão vibratório baixo, irá gerar um campo vibratório negativo á sua volta que irá permitir que o mal lançado pela pessoa chegue á você. Então, esses "trabalhos para fazer mal á alguém" podem dar certo, caso esse alguém esteja pra baixo, triste e fraco. Isso não dura, tanto que as pessoas que trabalham com esses tipos de rituais sempre falam que eles precisam ser renovados a cada sete anos. Mas, a Lei criada por Deus que determina que toda ação tem uma reação, cumpre seu papel também e todo mal volta á quem o lançou. E as pessoas que trouxeram outras pessoas pra perto com esses tipos de trabalhos, irão perde-las e sofrer mais do que sofreriam há sete anos se tivessem aceitado que não dava pra ficar com aquela pessoa.
JorgeDrew&Você: Sobre os sacrifícios de animais.
PaiMatheusFrancisco: Um assunto bem polêmico. É bíblico, Abraão teve que cortar uma ave. Eu não sou a favor que cortem o mamífero, mas não serei contra caso a necessidade que o leva a fazer isso seja absurdamente grave, como um doente do qual a medicina já desistiu de tentar salvar. Eu já vi uma pessoa sacrificar uma ave e derramar seu sangue em oferenda para a libertação e cura de um enfermo nessa condição e o resultado foi positivo: o enfermo foi curado sem explicação alguma. Nesses rituais, o sangue é usado para oferenda e seus restos devidamente consumidos, nunca jogados fora! Nenhum animal é sacrificado á toa na Umbanda e eu acho que ninguém deve julgar quem corta os animais, afinal, essas pessoas comem carne e ovo exaustivamente em suas refeições e geralmente nem agradecem a Deus pelo animal que morreu para servi-lo. Pessoas que julgam isso como crime, obsoleto e até de canibalismo, precisam prestar mais atenção no que fazem no seu dia a dia e se informar sobre a Umbanda.
JorgeDrew&Você: Que princípios norteiam seu terreiro?
PaiMatheusFrancisco: Os nossos princípios são: manter a integridade clássica da umbanda e promover sua desmistificação perante a sociedade que não ha conhece, promover a caridade e amor ao próximo que é de nascença da Umbanda!
JorgeDrew&Você: Allan Kardec, Gasparetto e evangélicos.
PaiMatheusFrancisco: Allan Kardec foi primordial no espiritismo no mundo! Pois com ele a espiritualidade se tornou verídica e constante na vida terrena direcionando hoje todas as religiões, direta ou indiretamente.
Gasperetto - não me associo muito a ele pois não acho muito solidas suas bases e opinioes diversas do mesmo assunto!
Evangélicos - uma doutrina na qual nos dias de hoje no Brasil está sendo usada por maus dirigentes para a separação social e cultural do país, impulsionando pré conceitos e intolerância à quem não é conivente com essa religião, distorcendo o evangelho verdadeiro.
PaiMatheusFrancisco: Foi Intolerância e pode ter vindo de pessoas adeptas a outras religiões como não é impossível de ter partido de outro terreiro de Umbanda. É um fato oculto, mas existente: há intolerância religiosa dentro da própria religião. Fala-se muito dos conflitos entre religiões diferentes umas das outras, esquecendo que existem conflitos entre igrejas pentecostais, ou seja, são da mesma religião mas um não tolera a forma com que o outro pratica. Isso tem em todas as igrejas: um líder não gostar de forma com que o outro líder pratica os ensinamentos da mesma doutrina e aí vira uma disputa. A Intolerância Religiosa é como o preconceito em geral: deve ser combatido de dentro pra fora.
JorgeDrew&Você: Você vê muito disso em Botucatu?
PaiMatheusFrancisco: Isso ficou muito claro com a quantidade de terreiros de Umbanda que foram solidários conosco: 90% de fora e 10% de dentro da cidade. Em Botucatu, tiveram pessoas católicas, kardecistas, evangélicas e apenas dois terreiros de umbanda de que nos foram solidários. A Umbanda em Botucatu tem preconceito com ela mesma. Tem dirigentes de outras casas acham que é como um time de futebol, que cada um tem que torcer apenas pelo seu.
JorgeDrew&Você: A repercussão por parte das pessoas?
PaiMatheusFrancisco: Uma coisa que me deixou feliz foi um ocorrido no dia em que eu fui, junto a alguns membros da associação, instalar as novas grades de segurança: os vizinhos foram extremamente solidários. Aproveitaram até para esclarecer as muitas curiosidades que as pessoas tem quanto a Umbanda como, por exemplo, se nós acreditamos em Jesus e tal. Teve pessoas que disseram ser evangélicos mas totalmente contra a intolerância, perguntaram se precisávamos de algo, enfim, sempre tem alguém contra, mas me deixa feliz ver que muitos já estão abrindo a mente quanto á esse assunto.
JorgeDrew&Você: É uma dúvida de muita gente mesmo, o que você responde quando perguntam?
PaiMatheusFrancisco: A Umbanda é considerada uma religião cristã. Seu sincretismo é Candomblé + Igreja Católica Apostólica Romana. Se você cultua os santos São Jorge, Nossa Senhora Aparecida, São Jerônimo e Santa Bárbara dentro de um terreiro, você está praticando o cristianismo. Inclusive, o Cristo cultuado na Igreja Católica é o mesmo cultuado na Umbanda. Pode ser do modo Redentor ou Sagrado Coração, não deixa de ser o mesmo Cristo. A unica diferença é que na Umbanda não é o Cristo crucificado, mas sim o o Cristo ressuscitado.
JorgeDrew&Você: Como deu-se o seu desenvolvimento mediúnico até você se tornar Pai de Santo?
PaiMatheusFrancisco: Eu frequentava a igreja católica desde muito pequeno, levado por meus pais, fui batizado, fiz primeira comunhão, fui crismado e frequentei muita missa. E sempre a espiritualidade esteve bastante evidente na minha vida, principalmente através de visões, cheguei a diversas vezes deixar todos apavorados dentro de casa. Minha mãe me levou em muitos benzedores, dizia que eram coisas da minha imaginação, achava que era uma fase. Até que eu conheci o espiritismo kardecista, o qual me trouxe uma boa interpretação de tudo o que acontecia comigo. Conheci afundo e pessoalmente várias igrejas como a Universal, Igreja Batista, Igreja Presbiteriana entre outras, vi o que me agrada e o que não concordo quanto a religiosidade e, a partir daí, comecei a ver e sentir as entidades e guias de luz com bem mais intensidade, então pedi ajuda a minha irmã de sangue, que me levou a finalmente conhecer a Umbanda. Meu desenvolvimento mediúnico deu-se no terreiro da Mãe Diva, que é a minha mãe de santo. Foi um tempo muito bom em todos os sentidos, exceto quando começaram a rodar muitas intrigas envolvendo o meu nome dentro da casa. Isso ocorre nos terreiros onde os médiuns tem mania de se comparar um ao outro, julgarem seu comportamento dentro e fora do terreiro, seu desenvolvimento, fazer acusações e demais coisas que só o dirigente tem o poder e conhecimento para fazer. Optei por sair de lá e, após conhecer os terreiros de Botucatu, tive a certeza absoluta que não podia entregar minha cabeça a ninguém. Pois ninguém tinha a mesma seriedade e responsabilidade com a umbanda como ela tinha. Não podendo voltar pra trás e nem me entregar a alguém, decidi que ia cuidar de mim mesmo. Mas tinha tanta gente me pedindo ajuda pros meus guias e médiuns vindo ficar ao meu lado, que, quando vi, em um ano eu já estava com 15 médiuns na casa que eu dirigia. Sendo que terreiros bem mais antigos da cidade não tinham nem metade. Foi uma época de muitas provações, como uma forte dificuldade financeira em que eu não conseguia nem mais pagar meu aluguel e me fez parar com o funcionamento da casa. Porém, as pessoas não me abandonaram e disseram que continuariam ao meu lado seja onde for que eu viesse a fazer gira. Assim, ficamos 6 meses fazendo gira na mata, com assistência e tudo. Com a ajuda de filhos da casa, encontramos o local onde funcionamos até hoje ali na Curuzu e eu mudei o nome de Centro Espírita União da Umbanda para Associação Espírita União da Umbanda.
JorgeDrew&Você: Nesses momentos de dificuldades financeiras, você nunca pensou em cobrar os atendimentos mediúnicos?
PaiMatheusFrancisco: Não porque eu sempre soube que que isso é extremamente errado. Umbanda é caridade e caridade não se cobra. Não se compra a força de uma entidade, não se compra realizações, não se compra o que você virá a ter após a morte, não se compra nada no mundo espiritual, isso é papo de Igreja Universal que vende terrenos no céu e outros absurdos. Na Umbanda, se o médium levar algo material em troca do atendimento, eles estará sendo desonesto e totalmente fora do conceito fundamental da nossa religião. O médium se doa para a entidade vir ajudar quem precisa de aconselhamentos. Não há dinheiro no mundo espiritual. Num trecho do livro Evangelho Segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, diz "Sem a caridade não há salvação". É bíblico que nós devemos ser caridosos uns com os outros, mas muita gente tem o conceito errôneo de que doar é dar o que você quer jogar fora. Cristo ensinou que doar é repartir o pão e se a sociedade de modo geral seguisse este ensinamento, não teria tanta miséria e pobreza. Nada feito na Umbanda pra ajudar pessoas pode ser cobrado. Se for cobrado, estará perdendo a essência mais poderosa do feitiço: a caridade.
JorgeDrew&Você: Sobre os trabalhos para fazer mal á alguém e para trazer a pessoa amada.
PaiMatheusFrancisco: Vou tentar explicar de maneira simples. Se uma pessoa próxima á você tem uma inveja possessiva da sua vida, só com esse sentimento ela já tem o poder de te fazer mal. E se a sua fé estiver baixa, se você estiver desanimado e seu padrão vibratório baixo, irá gerar um campo vibratório negativo á sua volta que irá permitir que o mal lançado pela pessoa chegue á você. Então, esses "trabalhos para fazer mal á alguém" podem dar certo, caso esse alguém esteja pra baixo, triste e fraco. Isso não dura, tanto que as pessoas que trabalham com esses tipos de rituais sempre falam que eles precisam ser renovados a cada sete anos. Mas, a Lei criada por Deus que determina que toda ação tem uma reação, cumpre seu papel também e todo mal volta á quem o lançou. E as pessoas que trouxeram outras pessoas pra perto com esses tipos de trabalhos, irão perde-las e sofrer mais do que sofreriam há sete anos se tivessem aceitado que não dava pra ficar com aquela pessoa.
JorgeDrew&Você: Sobre os sacrifícios de animais.
PaiMatheusFrancisco: Um assunto bem polêmico. É bíblico, Abraão teve que cortar uma ave. Eu não sou a favor que cortem o mamífero, mas não serei contra caso a necessidade que o leva a fazer isso seja absurdamente grave, como um doente do qual a medicina já desistiu de tentar salvar. Eu já vi uma pessoa sacrificar uma ave e derramar seu sangue em oferenda para a libertação e cura de um enfermo nessa condição e o resultado foi positivo: o enfermo foi curado sem explicação alguma. Nesses rituais, o sangue é usado para oferenda e seus restos devidamente consumidos, nunca jogados fora! Nenhum animal é sacrificado á toa na Umbanda e eu acho que ninguém deve julgar quem corta os animais, afinal, essas pessoas comem carne e ovo exaustivamente em suas refeições e geralmente nem agradecem a Deus pelo animal que morreu para servi-lo. Pessoas que julgam isso como crime, obsoleto e até de canibalismo, precisam prestar mais atenção no que fazem no seu dia a dia e se informar sobre a Umbanda.
JorgeDrew&Você: Que princípios norteiam seu terreiro? PaiMatheusFrancisco: Os nossos princípios são: manter a integridade clássica da umbanda e promover sua desmistificação perante a sociedade que não ha conhece, promover a caridade e amor ao próximo que é de nascença da Umbanda!
JorgeDrew&Você: Allan Kardec, Gasparetto e evangélicos.
PaiMatheusFrancisco: Allan Kardec foi primordial no espiritismo no mundo! Pois com ele a espiritualidade se tornou verídica e constante na vida terrena direcionando hoje todas as religiões, direta ou indiretamente.
Gasperetto - não me associo muito a ele pois não acho muito solidas suas bases e opinioes diversas do mesmo assunto!
Evangélicos - uma doutrina na qual nos dias de hoje no Brasil está sendo usada por maus dirigentes para a separação social e cultural do país, impulsionando pré conceitos e intolerância à quem não é conivente com essa religião, distorcendo o evangelho verdadeiro.









