domingo, 22 de fevereiro de 2015

Peça Tribos, com Antônio Fagundes: Minha apreciação.

Foi na noite do Sábado 21/02 que eu realizei um sonho e prestigiei um estrondo! Estrondo de primorosidade, qualidade e sensibilidade na apresentação da comédia perversa Tribos, a peça que veio para o Teatro Municipal de Botucatu e lotou nas duas seções! 
Foto: Ofuxico.com.br
Com um humor sarcástico, desenrolar veloz, dinamismo delicioso e diálogo afiadíssimo, a obra de Nina Raine foi muito bem adaptada pelo grande e talentosíssimo elenco composto por: 
Bruno Fagundes, Arieta Corrêa, Eliete Cigaarini, Guilherme Magon, Maíra Dvorek e o grande ídolo Antonio Fagundes. Acompanhado do seu querido filho, o rei das novelas deu uma lição de dedicação ao trabalho, principalmente quando, ao fim da segunda sessão, quando os atores todos se disponibilizaram á bater um papo esclarecedor com a platéia. 
Eu, claro, fiquei lá para conhecer mais do elenco e do texto e, claro, tentar realziar meu sonho de olhar olhos nos olhos desse grande ídolo e tirar uma foto com ele. E consegui! Dê uma olhada nas fotos que tirei com ele e com o querido e também grande, seu filho, Bruno Fagundes!
Eu e o bonitão, cujo último trabalho na televisão foi em "Meu Pedacinho de Chão", que mostrou simpático e atencioso para com o público, só não gostou quando brinquei chamando seu pai de "O Rei do Gado".
"- Rei do Gado foi um personagem que ele fez, não é ele. Ele tem o nome dele." disse Bruno em tom sério. Mas continuou á esbanjar simpatia com o resto dos fãs que fizeram plantão junto comigo para tirar fotos.
Depois foi a vez de ir atrás do pai do ator, que pra mim é um grande ídolo e inspiração!
Apressado para ir embora e já dando tchau pra todo mundo, o Fagundão aceitou parar pro seu fã número 1 aqui tirar essa foto e agradeceu ao ouvir de mim "- O senhor é um grande ídolo pra mim!". Momento inesquecível!


Antes de partir, durante a conversa do elenco com a platéia, ele deu um discurso para a platéia contando a história do texto, sua mensagem e um resumo da história da luta pela legalização da linguagem de sinais e do preconceito para com surdos. Lembrando aos jovens atores, como eu, que quando estás participando de uma produção dramaturga, não se deve apenas decorar falas e se concentrar na interpretação, mas sim conhecer o assunto e tema principal. Ter um estudo aprofundado sobre o tema em questão e dominar o assunto. Após ter explicado basicamente tudo sobre a peça, o ator abriu ás perguntas.

Com humor, reagiu ao silêncio dos botucatuenses (provavelmente ainda deslumbrados em estar frente á frente com um dos deuses da dramaturgia nacional) com bom humor : 
"- Como a primeira pergunta é sempre a mais difícil, vamos pra segunda! Podem fazer!" e começaram os questionamentos e rasgação de seda. Após ter respondido em três vezes á três pessoas diferentes sobre qual a mensagem que a peça quis passar, além de já ter explicado isso no discurso inicial, o ator respondeu á um cidadão que pediu que eles explicassem a peça em poucas palavras, mais uma vez, com bom humor: 
"- O senhor me desculpe, mas se em uma hora e vinte minutos a gente não conseguiu lhe passar a mensagem, não será em cinco minutos que iremos traduzir!". 
Essa sua resposta gerou polêmica, muitos acharam que ele foi grosso mas eu, em minha modesta concepção, discordo do que muitos acharam. Eu teria respondido a mesma coisa se estivesse em seu lugar, levando em conta o tempo em que a peça expôs e tratou muito bem do assunto da surdez humana e o tanto que eles já haviam explicado, sua resposta foi no mínimo civilizada. Mas essa é uma das características típicas de interiorenses das quais eu mais detesto: não saber lhe dar com a sinceridade e e respostas diretas.
Da-lhe Fagundão!!
Mas, pra quem não pode ir, um breve resumo sobre a peça e sua mensagem: Tribos aborda a surdez universal e divide o tema em duas categorias: dos surdos que são fisicamente incapazes de receber estímulos sonoros; daqueles que não conseguem ‘calar-se’ por tempo suficiente para entender uma realidade diferente de sua própria. "Somos só mais um na multidão"; "O mundo é surdo", diz Billy. Existe surdez maior que o preconceito; que o orgulho; que a ignorância; o egoísmo; a falta de amor?

Bruno Fagundes contou á platéia sobre o laboratório que fez para interpretar um surdo, junto com a atriz que também interpretou uma personagem surda, a namorada do Billy.
Uma das coisas que merecem mais destaque desse espetáculo e que é inovador, o fato de conter uma intérprete de LIBRAS oficial no canto do palco que, no decorrer da peça, vai contando na linguagem de sinais tudo que está se passando. Ela se chama Mirian Caxilé e só esteve na primeira sessão. As luzes piscaram em sinal de que eles deviam ir embora, então o elenco despediu-se do público e se retirou. Eu não resisti e fui lá nos camarins dar meus parabéns á todos e filar umas fotos! Hahahahaha. 

Sinopse:
Billy (Bruno Fagundes) nasceu surdo em uma família de ouvintes, liderada pelo pai Christopher (Antonio Fagundes) e pela mãe Beth(Eliete Cigarini), e completada pelos irmãos Daniel (Guilherme Magon) e Ruth (Maíra Dvorek).

Ele foi criado dentro de um casulo ferozmente idiossincrático e politicamente incorreto. Adaptou-se brilhantemente às maneiras não convencionais de sua família, mas eles nunca se deram o trabalho de retribuir o favor. Finalmente, quando ele conhece Sylvia, uma jovem mulher prestes a ficar surda, Billy passa a entender realmente o que significa pertencer a algum lugar.



Fonte: http://www.tribosnet.com/

Taí! Minha recomendação á todos: peça Tribos! Vi e gostei muito. Obrigado e que Deus abençoe!

domingo, 8 de fevereiro de 2015

Minha volta ao Pedretti: grande choque de realidade.

Saudações galera querida! Na segunda feira 02/02/2014 eu voltei oficialmente á estudar na Escola Pública Estadual Professor José Pedretti Neto, reencontrando amigos e uma dura realidade da qual já havia naturalmente esquecido, apesar de já ter vivenciado há 5 anos atrás, quando estudei nessa escola pela primeira vez. Denomino esse episódio no seriado "Vida de Jorge Drew" como "A Volta do Filho Pródigo" (rs). Reencontrando pessoas do passado, amigos de longa data e passando á conviver com gente que eu estava acostumado á ver poucas vezes ou só por internet. Sendo o centro das atenções e olhares dos que me não conheciam, me senti um estranho no ninho, mas relativamente confortável ao lado de gente que já conhecia.
Posso definir essa minha primeira semana no Pedretti como impactante



Todos sabem que eu estou nessa escola porque saí da Industrial, mas não fui sozinho, uma colega das antigas e vizinha de bairro também trocou a mais conceituada da cidade por uma das mais julgadas de forma negativa pelos botucatuences. E como estamos no mesmo barco, fomos juntos pra escola, compartilhando daquela ansiedade gostosa de volta as aulas e uma tranquilidade que dizia "eu já sei o que vou encontrar, vou tirar de letra", que foi cruelmente destruída logo nos primeiros dias. Mas primeiro vamos falar dos pontos positivos, como a imensa alegria que bateu assim que coloquei os meus olhos no belo estado que a escola se encontra no quesito aparência e infraestrutura. Na época em que estudei ali pela primeira vez, parecia mais que eu estava numa cadeia do que num ambiente de estudo. Tudo muito velho, feio e caído. Hoje encontra-se o contrário, felizmente. Alguém que estudava na escola em meados de 2008-2009, época em que eu estudava lá, jamais pensaria que um dia chegaria á ver o Pedretti tão bem cuidado, tais como mostram essas fotos:



















Imagens: blog da escola José Pedretti Neto.

Apesar de as salas de aula ainda terem aqueles armários inúteis que só atrapalham e as portas dos banheiros não terem trinco, o Pedretti está de parabéns no quesito físico! Melhorou muito.

Este é o lindo Ipê rosa que encanta á todos que passam na frente da escola na época da primavera, num maravilhoso espetáculo de cor e vida!

Eu saí de lá no começo de 2010 e fui pra particular Tyto Alba, depois passei pela municipal Jonas Alves de Araújo e a técnica Industrial. Essas três instituições de métodos diferentes de ensino, me deixaram acostumado á um padrão escolar do qual hoje eu me arrependo das vezes que critiquei. Por mais que todas tenham seus defeitos cabulosos, ainda sim são ambientes tranquilos de se estudar, principalmente se você não questionar nada á direção. 
Mas ainda dá pra estudar e encontrar quem lute pela escola, quem goste de estar ali, quem vê motivo pra lutar pelos alunos. Já no Pedretti, chega á dar tristeza a situação. Há tempos, e quando eu digo tempo é tempo MESMO, não via uma cena da qual eu vi se repetir no mínimo três vezes nessa primeira semana na minha sala de aula: um aluno alterando a voz com o professor num gritante desrespeito. Usando de exemplo uma cena que me deixou perplexo esta semana: uma chegou na sala e começou á passar o conteúdo, vendo não estava sendo ouvida por conta da algazarra, ela chamou a atenção da sala. Os alunos do fundo riram de sua cara e retrucaram com ignorância. A professora, que é uma senhora, começou á tossir devido ao pó do giz e a risadaria foi maior ainda, sendo ecoado do fundo da sala "É o cigarro!". 
Aquilo foi o estopim pra sala se transformar num ringue de luta entre a professora e os alunos. O que era pra ser uma aula de conhecimento se transformou num bate boca onde o assunto era quem tinha mais moral e poder ali dentro.  Desistindo de brigar, a docente passou como matéria para aquele dia. Eu não lembro qual o motivo, mas teve um aluno que não aceitou as críticas que ela proferiu á seu trabalho e além de retrucar, ainda tirou um papel de suas mãos á força, desobedeceu a ordem de permanecer dentro da sala e saiu batendo a porta em sua cara. Esse aluno não foi nem sequer advertido por sua atitude. Que foi apenas mais uma. Por várias vezes, é possível dar de encontro com a lamentável cena de um(a) professor(a) estar dando aula e a maioria da sala não estar dando a mínima atenção, conversando em tom alto, brincando entre si, sentados de costas para o mestre num completo desdém, não se importando se ele levou um tempo pra preparar essa aula ou não. 
Doeu muito ver professores visivelmente esforçados dando uma aula tão boa e tão ignorada, o que salva é a meia dúzia que se interessa e participa. Fora as cenas de agressão verbal e até mesmo física saída de alunos para os mestres, que ainda tem que aturar cobranças sem sentido de alunos que não prestam atenção na aula mas ousam desafiar seus vários anos de magistério. Um bullyng pesado. Essa professora, sabendo que eu vim da Industrial, me disse que eu vou sentir fortemente a diferença de nível entre essas instituições. Um outro professor disse o mesmo e ainda que eu iria me arrepender amargamente.  
Aí já entramos no assunto que diz respeito á parcela de culpa que os docentes tem da má fama e má conduta da José Pedretti Neto: o desdém. 
Muitos alunos já me contaram e eu mesmo presenciei o fato de que muitos professores demostram plenamente em sala de aula mesmo o desânimo por estar ali, alguns até se referem ao local em termos impublicáveis. Como se fosse um caso perdido
Na minha concepção, um caso só é perdido quando ninguém mais vê motivos para lutar por ele.  Esse desânimo dos professores reflete nos alunos, que devolvem o desdém com rebeldia e ignorância. Um exemplo é outra docente.
Durante a sua aula, eu á perguntei se ela explorava certas técnicas diferenciadas de passar a sua matéria, como via outro professor da mesma matéria fazer na outra escola.
A resposta me doeu muito:

"- Até tenho ideias boas que envolvem essas demais técnicas, mas como  posso por em prática com esse tipo de gente? Alunos desinteressados e mal educados como esses? É muito baixo nível."

Eu até me conformaria com essa resposta se fosse afirmativa a sua resposta á outra pergunta que faço: Mas você já tentou?

Como um professor julga algum aluno de incapaz sem nem ao menos ter tentado o levar á produzir algo? Se pra ela ali não há quem possa ter bom desempenho numa aula de artes, eu já contei dois! Dois artistas na minha sala do qual eu gosto muito, o Lucas Silva e Marcelo Rodrigues, um da dança e outro da poesia. 

E quantos outros talentos não podem ser encontrados ali, se não fosse a falta de interesse dos docentes em procurar e investir nos alunos?!?!?!
Como na vida, tudo é um jogo de TOMA-LÁ-DÁ-CÁ e se um professor passa desânimo quanto á escola e seus leigos, os alunos respondem da mesma forma. Conheço, conheci e estou conhecendo muitos alunos dali que tem o interesse de crescer e ver evoluir o ambiente escolar, mas nem se deslocam até a direção para cobrar algo ou pedir por mais atenção. Quando pergunto o por que do receio de por a boca no trombone, a resposta é que já desanimaram após tantas tentativas frustradas. Ou seja: falta de comunicação de ambas as partes. Os alunos vêem docentes e direção como inimigos, o que esta errado. É preciso manter uma ponte de comunicação entre as partes, para que possa-se manter a ordem. 
Muitos continuam á  me criticar pelo fato de ter trocado ETEC por uma escola estadual, mas na realidade, o que mantém a primeira níveis acima da segunda e de qualquer outra escola publica é somente rigorosidade e comprometimento do Centro Paula Souza, que é muito eficaz. Já a escola em que me encontro hoje pertence ás frias mãos do governo do Estado de São Paulo, do qual não podemos esperar muito. Esse ano mais do que nunca, já que foi avisado que o material que todo ano disponibilizam aos alunos, foi cancelado por falta de verbas. 
Porém, eu ainda acredito que, mesmo que o governo não ajude muito, quem está dentro da escola pode fazer algo para ajudar sim. 
Começando á levar os docentes, funcionários e alunos á acreditar na escola e lutar por ela. Um passo que precisa ser dado para a evolução de José Pedretti Neto, á nível de urgência. 

É como o Brasil: se sua própria população o menospreza, que estrangeiro  vai olhá-lo com olhos positivos?! 

Se você não trabalha sua auto estima, quem vai trabalhá-la para você?

Venho dividir com vocês essas observações pelo fato de não serem características exclusivas á escola Pedretti Neto, mas sim da maioria das escolas estaduais. Em todo meu tempo de escola, que se encerra este ano, eu passei por instituições de ensino particular, municipal, técnica e estadual. De todas, a pior foi, sem duvidas, a ultima. Uma tristeza levando em conta o fato de que esta é sustentada pelos impostos pagos pelos nossos pais, ou seja, não é de graça. Uma coisa muito pouco lembrada é este fato: o ensino público não é de graça. Então nós temos todo o direito de reclamar e cobrar cada vez mais dignidade do governo em relação á educação precária que se encontra no Brasil. Mas esse clichê a gente discute depois, voltemos á minha primeira semana de aula:
 Não é por nada não, mas eu sinto que esse ano será O ANO! 
Só os primeiros dias já deram uma pequena prévia de que será um ano cheio de vitórias, lutas, choros&risos e bastante suor!!
Uma situação engraçada foi que, no terceiro dia de aula, alguém escreveu num papel que fica grudado em frente á sala de aula o meu nome vinculado ao termo "GAY", numa clara tentativa de ridicularização. Como eles ainda não haviam percebido que eu sou assumidamente apaixonado pela minha homossexualidade, eu resolvi dar uma colher de chá e entrei na brincadeira. Abaixo, os "complementos" que dei á essa "homenagem" que me fizeram logo na primeira semana de aula (rs):



E esse foi apenas o começo da minha jornada no Pedretti, aonde eu não pretendo abafar minha sagaz e incansável vontade de ajudar, curiosidade, minha xeretisse e principalmente meu lado revolucionário. Pois aonde quer que você esteja, o importante é ser você! E a coragem/cara de pau é forte característica ! 
Pra explicar melhor o que to querendo dizer, indico á vocês, caros leitores, ouvirem essa esplêndida composição de Pitty, que muito diz do meu interior:

Todos Estão Mudos - Pitty:

"Há quem diga que isso é velho
Tanta gente sem fé num novo ar
Mas existe o bom combate
É não desistir sem tentar

Não espere, levante!
Sempre vale a pena bradar
É hora
Alguém tem que falar!!"