quinta-feira, 11 de julho de 2013

"A Tv te ensina muito como ator, mas o teatro é muito mais rico!" conta o ator Gustavo Duque e todo elenco da a peça "Maria Miss"


Na noite do Sábado 21/06, rolou no Teatro Municipal de Botucatu a peça Maria Miss,  adaptação inédita do conto “Esses Lopes”, escrito por João Guimarães Rosa, celebra os 45 anos do lançamento do livro “Tutaméia” e os também 45 anos de morte do autor. O texto conta a história de Maria Miss, sertaneja sensível e sonhadora que, quando menina, teve a virgindade negociada pelos pais com um dos membros de uma família vizinha.

 Ela narra, por meio de lembranças, sua trajetória a partir de quando seu destino cruza com o dos irmãos Lopes. Muito esperta, ela descobre que, na vida, pra tudo se dá um jeito. Aprende sozinha a ler e escrever. Elabora uma trama para convencer o marido de que a velha que ele incumbiu de vigia-la não passa de uma alcoviteira. 




Para abrandar os desejos do companheiro, o envenena com ervas típicas do sertão até que ele morra. Já viúva, Maria passa a ser assediada pelo primo e irmão do marido. Ela aproveita e faz intriga entre os dois até se matarem. Depois é a vez do mais rico dos Lopes fazer suas investidas.  Apaixonado, aceita casar e transferir para ela todas as suas propriedades. Ela põe em prática mais um de seus planos, dando-lhe “gordas comidas e agrados” até que ele parta finalmente dessa para uma melhor.


 Só aí, começa a aproveitar a vida com um rapaz que tem idade para ser seu filho!



O elenco é composto pelos ex-atores globais Tania Castello, como a sofrida "Flauzina" (Maria Miss) e Plínio Soares como o grande vilão e Gustavo Duque como um dos comparsas dele e , no fim, o garotão que transforma a sofrida jovem numa rainha. Eu fui atrás deles no fim da peça, consegui conversar com a Tania e o Gustavo separadamente e bem rápido, pois estavam com pressa.

A doçura da Tania Castello, cujo seu ultimo trabalho televisivo foi a gananciosa Alma Gonçalvez, na novela "Amigas e Rivais" (2007), deu um conselho a nós atores que estamos começando agora:        
" - Observe bastante o jeito das pessoas em todo lugar que você frequentar, qualquer lugar que você estiver, observe muito as caras bocas e jeito de falar das pessoas! Na escola você observe bastante, no ônibus, na praça, no shopping  em todo lugar que você estiver. Em casa também é muito importante e muito bom você observar as reações das pessoas, os gestos e articulações, vá sempre pegando os detalhes! E LEIA, leia, leia, leia, leia, leia, leia, leia, leia, leia, leia, LEIA BASTANTE! Procure sempre estar adquirindo informações, se atualizando,   estudando! Adquira a paixão por sempre estar e estudando tudo e todos, não há jeito melhor do ser humano evoluir do que estudar! Eu procuro sempre estar estudando, conhecendo coisas novas, procurando crescer como pessoa e profissional  Acho que todos deveriam adorar estudar, teríamos mais pessoas grandes! Você vê que uma pessoa que não curti estudar assim, geralmente não vai pra lugar nenhum, não cresce, nada! Então, é isso, estude e vá em frente, mergulhe de cabeça se essa realmente for a sua paixão!"

Ainda fiz uma entrevista super legal com o ator de 30 anos de idade que interpretou um estudante de direito na temporada 2005 de "Malhação" e um paraplégico na novela "Vidas Opostas" da Rede Record em 2007, Gustavo Duque, que você confere aqui:    

Jorge Drew': Quando começou e como?
Gustavo Duque: Comecei como ator aos 16 anos! Fiz um curso de iniciação ao Teatro na minha terra natal, Belo Horizonte. Eu curti bastante, mas logo no início do curso eu já comecei á "trampar"! O meu primeiro espetáculo profissional foi "Peter Pan", em que eu era o próprio Peter, até voava, foi muito legal. Foi com 16 anos mesmo e daí eu não parei mais! Com 19 anos eu fui embora de BH para morar em São Paulo e lá estou até hoje com meus 30 anos de vida.
Jorge Drew': E como começou a sua paixão pela arte?

Gustavo Duque: Cara... Meu pai é produtor e diretor de Teatro! 
Eu cresci sempre tendo isso em casa, mas nunca tive vontade de fazer. Eu gostava mesmo é de jogar bola, adorava! Mas eu era muito tímido e tinha outras vontades também, outros sonhos, até que uma vez eu fui fazer um curso pra ver o que era essa coisa que todo mundo tanto me aconselhava á fazer, que é o Teatro, mas sem o menor objetivo de ser ator. Nunca tive essa vontade, mas, por pura curiosidade eu fui ver como era e resultou que eu até hoje to apaixonado por isso e não quero mais parar de fazer. Legal isso, né? Começou através de uma curiosidade e se tornou uma grande paixão!

Jorge Drew': E como você enxerga o seu futuro?
Gustavo: Ah, cara, eu nem enxergo! Acho que se a gente for parar para enxergar a gente corre o risco de se frustrar, né? Então eu não faço planos não, eu vou indo! Do jeito que a onde vai, a gente vai indo!

Jorge Drew': Quantas peças você já fez?
Gustavo: Nossa... Quantas peças? Eu não vou saber te precisar, mas acho que por volta de 15 e 20, contando com espetáculos lá em BH, Sp e Rio... Isso aí.

Jorge Drew': Como você faz para incorporar um personagem tão pesado como esse bandido da peça "Maria Miss"?
Gustavo: Então, no início de um processo assim, a gente (o elenco todo) conversa muito, tem bastante ensaios, você vai escutando os conselhos e regras do diretor, vai trocando ideia, estudando muito, a gente consegue chegar num negócio. Mas não tem esse peso não cara, antes da gente entrar em cena a gente ta brincando, trocando ideia e tals. O resultado sai lá no palco naturalmente, sai da gente! É como você aqui me perguntando também, eu não saberia fazer metade das perguntas que você ta me fazendo sem ter uma pauta! Você ta aí de supetão perguntando tudo, isso é uma parada que você faz e é natural! Não tem mistério ou suspense, se você chegar aqui e ficar pensando nas perguntas, pondo muita preocupação, tão vez não saia tão legal assim! Você chega e vai surgindo, vai saindo! Mas claro, antes tem muito trabalho, preparação, você tem todo um trabalho antes, não chega e já faz. Mas aí as coisas vão fluindo naturalmente, entendeu?

Jorge Drew': Aonde vai parar o Teatro brasileiro?

Gustavo: Cara... Espero que muito longe, né? As gerações vão surgindo ai, cada vez mais jovens vão atuando, formando Teatros de grupos! A gente vê uma efervescência cultural forte aí nas capitais, com festivais de Teatro e a gente espera que cada vez mais cresça, cada vez mais surja pessoas apaixonadas pelo teatro, pessoas que produzem seus próprios espetáculos, espero isso! Que cada vez mais cresça o Teatro Nacional.

Jorge Drew': Entre os artistas, quais os seus maiores exemplos, ícones, inspirações pra você como ator?

Gustavo: Existem atores que eu gosto muito daqui do Brasil e de fora. Se tivesse que citar dois, eu te mando Laura Cardoso, cujo eu tenho muita vontade de trabalhar junto, pois admiro muito, e de Wagner Moura, que gosto muito também. 
Mas um de fora  que eu gosto pra caramba, que me inspira, que eu pago pra poder ver, é 
Edward Norton!
Esse cara marcou no filme Clube da Luta (1999), com Brad Pitt, que eu acho ótimo também!
Na verdade as referências vão mudando né,
com o passar do tempo as
referências mudam de acordo com o momento!
Tem aquelas pessoas  que você sempre admira, mas sempre vão surgindo figuras interessantes que você venha á gostar!
Eu adoro o trabalho do   Rodrigo Pandolf esse cara é um grande amigo meu do Rio, ta na margem dos trinta, como eu, tem vários trabalhos legais e também é uma referência pra mim. 

Plínio Soaresque nessa peça eu trabalho com ele, é um brilhante ator e super respeitado em  São Paulo! No decorrer do tempo que eu fui trabalhando e observando ele, foi se tornando uma grande referência pra mim! Então, é isso, as referências vão surgindo sempre, em todo lugar que você trabalhar, estudar, frequentar!  Só acho que você deve buscar seguir os melhores exemplos, que vã te acrescentar, ajudar á crescer como pessoa e profissional.


Jorge Drew': E que conselho você dá pros atores que estão começando, como EU (rs) ? 
Gustavo: É isso aí cara, mete a cara!! Não se trave! Não se deixe abater porque isso pode parecer difícil ou não. Você tem 15 anos, me parece um garoto que ta super engajado aí com seu blog, colocando matérias no ar que é sobre cultura, super legal! Provavelmente você deve ler, você deve se informar bastante, a gente ta vivendo um momento muito bacana na cultura brasileira hoje, que são essas manifestações de jovens! Eu acho que é isso, quanto mais você estudar, mergulhar de cabeça, vai dar tudo certo!

Jorge Drew': Você tocou no assunto, o que você ta achando das manifestações? Concorda? Participaria?
Gustavo: Acho ótimo e apoio bastante! Sempre que eu posso eu participo, o pessoal aqui todo participou lá em Sp, não ativos porque estamos correndo as cidades com essas peça né, mas damos total apoio, pois o país É NOSSO, É DO POVO! Povo esse que atrasou pra fazer isso tudo, devia ter feito já antes, pois não é de ontem que a corrupção está gritando no Brasil. Mas que ótimo que finalmente está acontecendo né, melhor tarde do que nunca! E acho que essa geração nova, que é a sua né, de quinze anos, estão aprendendo á se politizar e que a gente tem que mostrar pros políticos que não devemos seguir tudo o que eles impõem não.
Jorge Drew': Já pensou em fazer trabalhos internacionais?
Gustavo: Eu nunca pensei, eu tive um convite uma vez do João Fonseca, um diretor carioca super legal,  ele tava fazendo "Gota d' Água", do Chico, e iam fazer uma temporada em Portugal. Mas eu estava em cartaz no Rio, não deu pra ir. Te confesso que não tenho essa vontade de fazer algo internacional não, mas seria muito legal fazer uma coisa tipo a "Gota d' Água", de origem nacional levar em outros país.
Plínio Soares: A Peça internacional depende do idioma né...
Gustavo: É, não seria legal eu fazer uma estrangeiro no exterior, mas uma nacional no exterior sim, levar nossa cultura e nosso idioma pra lá, legal.

Jorge Drew: Tem alguma coisa que você queria ter feito e não fez ainda no Teatro?

Gustavo: Putz, tantas coisas! Tem muitos personagens legais que eu gostaria de fazer, mas que a idade não permite pois são mais velhos, tipo Hamlet! Agora mesmo eu li em texto que eu gostaria muito de fazer que é "A Toca do Coelho"! Um que eu gostaria muito muito muito de fazer é o Romeu, do romance shaksperiano "Romeu&Julieta" ! Eu já fiz essa peça, mas eu fui o "Teobaldo", foi legal. Mas gostaria muito de ser o Romeu!

Jorge Drew': Você não gosta de falar da sua vida pessoal, ok. Vamos falar d eum jeito mais social, como você julga a sociedade brasileira? O povo brasileiro como um todo?

Gustavo Duque: Uma coisa em constante crescimento, descobertas, tem um caminho árduo pela frente! Descobertas inúmeras á se fazer, temos uma bela e enorme floresta Amazônica que podemos descobrir várias coisas escondidas! Pode-se descobrir a cura da AIDES, o câncer, aliás, já podia ter encontrado se dessem á ela (a floresta) o valor que merece! A gente é um país em crescimento, a economia ta ficando mais forte , a nova geração se politizando, ta tudo imediatista agora graças á internet, principalmente! Há uns 12, 18 anos atrás, na minha época, não havia tanta rapidez como hoje! A nossa sociedade, a gente, vem se descobrindo, estamos em crescimento!

Jorge Drew' Fernando: Você gosta de fazer TV?

Gustavo: Ah, eu gosto! Acho a televisão um veículo ótimo pra você crescer em sua atuação, evoluir! António Fagundes fala uma coisa legal: "A gente faz bons rascunhos", sempre pode ser melhor por melhor que tenha sido! A diferença da TV pro teatro, que qualquer um que vá pra Tv percebe, é que no Teatro é uma coisa só que você faz muitas vezes e se tem um processo de crianção, ensaio e tal. Na Tv, você faz cenas num dia, uma rindo, outra chorando, te dá um estado de prontidão, te deixa atento áquilo! Você tem só aquela chance de fazer um bom rascunho.
Você não fica tão disperso. A Tv é boa nesse lado, farei sempre que surgir oportunidade! Já fiz tanta coisa, Já fiz na Globo, Record, Band.. Outra grande diferença é que a Tv tem recursos, lá eu posso errar, corta e faz de novo! No Teatro, a partir que dá o terceiro sinal, você entra e não há cortes! E você ta em contato direto com a platéia, isso é muito rico! A Tv te ensina muito como ator, mas o teatro é mais rico! E o palco é a NOSSA casa, a Tv sempre de outro, de uma terceira pessoa que fica na ilha de edição. Depois que a cena gravada vai pra lá, você fica totalmente á mercê da tecnologia e da vontade dos caras. Você até consegue fazer um bom trabalho, mas lá ele não será o principal, só ta dentro de um produto.

Jorge Drew: No palco, um ator pode brilhar mais que o outro? Se destacar mais?
Gustavo Duque: Não, porque o Teatro é um coletivo e todo mundo brilha igual, a importância é a mesma! Não tem, pra mim, essa necessidade de estar no palco brilhando mais que meu colega de cena!


Jorge Drew': A ultima e mais simples pergunta:        
O que é a VIDA?
Gustavo Duque: A vida é isso aqui que você ta vivendo AGORA, não tem ontem e nem amanhã! Viva pra HOJE! Como se fosse os últimos 5 minutos, não tem que pensar muito! Se for ficar se preocupando muito, você pode se frustrar criando expectativas. A vida é louca, assim que você terminar esta entrevista e você for pra lá e eu ra cá, muito pode acontecer. Viva o momento!

Jorge Drew': Obrigado Gustavo!
 Gustavo Duque: Magina ^^